Régis Nom Sense
Como humilhar e Ofender
as Pessoas - Curso Intensivo
Inspirado do ar poluído que
emana da Internet...
Era uma vez...
A questão é que durante os anos em que habito este planeta, e não são poucos, tive que desenvolver algumas técnicas dignas de operação de guerra para não morrer ignorada ou pisoteada neste mundo cão. Atitudes de sobrevivência, à primeira vista, pouco cristãs, mas que com o passar do tempo revelaram-se redentoras.
Vale ressaltar que este não é um tratado bélico com o intuito de despertar o pior dos fracos e oprimidos e chamá-los para o ataque. A proposta é juntar munição para ser usada quando necessário, bem naquela hora em que somos bombardeadas sem motivo algum e, por alguma razão hormonal, não sabemos o que dizer ou fazer e tudo culmina numa crise solitária de choro horas depois.
Como rezam os preceitos das artes marciais: diga NÃO ao ataque e SIM ao contra-ataque. Máximas milenares como “Não faça aos outros o que não quer que façam a você” ou “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” tão apreciadas por nossas avós, me servem como força motriz.
Acredito tanto nesses ditados que minha missão é fazer com que gente menos esclarecida aprenda na marra a força e o poder de tais palavras. Foram priorizadas situações e eventos nos quais as “avestruzes” (designação que adotarei a partir de agora para me referir às pessoas que têm o péssimo hábito de engolir sapos) se deparam com mais facilidade com gentalha disposta a ferir e magoar egos alheios sem como nem porquê.
Assim, caso a “avestruz” se veja em maus-lençóis no restaurante da moda ou na espera do ginecologista, ela poderá sacar seu Manual, procurar pela seção desejada e desferir impropérios em menos de um minuto. Ou seja, a tempo de não perder o bonde e responder à altura ao agente ofensivo “ab nicio ab ovo”, e não em casa solitária debaixo do chuveiro como de praxe. Ou seja, reverterá a condição de coitada e sairá do recinto como vitoriosa, aplaudida por todos, deixando o “ser-humano menor” (designação que adotada a partir de agora para referir às pessoas que têm o péssimo hábito de achincalhar as “avestruzes”) roxo de vergonha e humilhação, como prevê a lei dos justos.
Com este Manual em mãos, não haverá mais “avestruzes” infelizes no mundo, nem “seres-humanos menores” impunes flanando por aí.Dê adeus ao indesejado gostinho de sapo na boca e seja bem-vindo ao clubinho dos temidos, respeitados e felizes! Viva!
Nos Restaurantes são ambientes em que “seres-humanos menores” se sentem à vontade e proliferam a valer. Quanto mais descolado e moderninho for o ambiente, maiores as chances de contratempos e chateações. Não que isto seja uma regra – há vida civilizada neste mundinho, mas é raro.
Em restaurantes requintados e caríssimos ou naqueles simplórios de beira de estrada quase não há chance de você ser mal-tratado, ou pior, ignorado. Pode parecer irreal, mas dinheiro em excesso ou a completa falta dele imprimem uma camada de gentileza (ou falsidade) bastante agradáveis aos que por lá circulam.O problema mesmo são os moderninhos descolados. E olha que nem é preciso ser um “avestruz” para sentir na pele o que é tratamento hostil nesses estabelecimentos. Música lounge intragável; decoração-padrão desconfortável; frequentadores falsamente bronzeados, exageradamente perfumados e impressionantemente “botoxeados” são até que suportáveis. O problema são as garçonetes-atrizes-modelos.Esse tipo de “ser-humano menor” acredita piamente que está na função temporariamente e que daqui há algumas semanas estrelará uma campanha internacional milionária. Pobres infelizes iludidas.Não conheço uma alma viva que não tenha tido algum tipo de stress com essa categoria.Para esse tipo de situação, três conselhos:
1. Caso você seja ignorada pela garçonete escrota, não tenha dúvidas: estique o pé quando ela passar ao seu lado. È tiro e queda. Esses restaurantes são sempre tão apertados que elas dão rasante em todas as mesas até cairem estateladas no chão com a garrafinha de água fincada na boca sangrando. No mínimo cinco pontos e todos os dentes da frente engolidos.
2. Se seu nível de fúria não estiver tão assassino, banque a difícil. Uma hora, ela vai ter que te ver e anotar o pedido, e é aí que você entra sem dó nem piedade. Peça tudo modificado: hamburger sem carne, salada sem alface, refrigerante diet com um punhado de açucar no copo. Quando chegar o pedido, faça cara de “dai-me forças, pai do céu!” e diga olhando bem em seu rosto: “Querida, você errou tudo. Não foi nada disso que eu pedi”. Como a lambisgóia provavelmente não tem dom para “avestruz”, argumentará que a errada é você, que ela anotou o pedido direitinho e vai querer mostrar a comanda para garantir sua suposta inocência. Crasso engano. Diga, então, que não interessa suas anotações e que você exige a troca de tudo o que está na mesa. Caso ela baixe a guarda e acate, cuidado: não coma nada que chegar à mesa a partir daí. Tudo estará cuspido, escarrado e urinado, com toda a certeza. Mas, caso ela crie caso, vá para o conselho 3.
3. Pior do que uma “avestruz” com ódio de ser “avestruz” é um “ser-humano menor” desafiado por uma “avestruz”. Eles querem morrer de raiva e de vergonha. Quando o incidente toma ares de barraco, é melhor mergulhar fundo e partir pro tudo ou nada. Quando a garçonete resolver engrossar e cantar de galo, é a deixa pra você colocar os pingos nos ii definitivamente. Sem nunca mudar o tom de voz (que sempre deve ser macio e baixo, em todos os momentos da vida), chegue bem perto da infeliz e a ensine a diferença entre ambas (você e ela) naquele ambiente: enquanto você entra pela porta da frente, ela entra pela dos fundos, então é bom ela mexer aquela bunda flácida, ir até a cozinha e trazer tudo o que você mandou do jeito que você mandou. E fim de discussão.
No trânsitoAssaltoNão há nada pior do que ficar preso dentro do seu carro sob um sol de 40°C ou sob chuvas torrenciais típicas deste clima de monções que assola este pedaço de terra. Ou melhor, há sim: saber que há milhares de trombadinhas rondando seu possante sem que você possa fazer nadica de nada. Ledo engano.Como ninguém é obrigado a portar ar-condicionado (apesar de ser item de primeiríssima necessidade nestes trópicos), aqui vai uma dica para você não morrer de calor com os vidros totalmente fechados enquanto espera o sinal abrir: deixe sempre uma fresta no tamanho aproximado de um punho de criança. No caso de alguma delas (as crianças) tiver a incontrolável vontade de colocar seu punho munido de canivete, caco de vidro ou qualquer outra arma branca para te assaltar, não tenha dúvidas: feche o vidro bem forte e saia andando. Primeiro bem lentamente para que o mini-meliante tenha a chance de se desculpar. Se isso não acontecer, aumente a marcha e saia em disparada até a via expressa mais próxima. Quando estiver no trecho mais movimentado, abra o vidro e deixe o pequeno “ser-humano menor” de menor se ver com os demais motoristas a 120 por hora.Se o negócio for mais invasivo e a coisa descambar no “passa a grana senão te meto bala”, então é hora de sacrificar o resto de “avestruz” dentro de você e partir para artilharia pesada.Pegue calmamente a carteira, abra, pegue as notas e as jogue ao vento ao mesmo tempo em que diz com todo o sarcasmo do mundo: “ Se é dinheiro que você quer, então ajoelha e pega!”.AcidentesSer-humano que se preza tem horror a gentalha que pára o trânsito só para assistir de camarote ao acidente alheio. Que raio de curiosidade mórbida é essa que faz com que as pessoas simplesmente se esqueçam de seus horários e compromissos só para verem de perto o estrago da desgraça dos outros? Eu não sei.Para esse tipo de gente, eu sugiro que se faça um abaixo-assinado para que se aprove uma lei obrigando quem diminua a marcha ante um acidente grave a parar, socorrer e passar o dia inteiro à disposição da família da vítima.Se o motorista oferecer resistência alegando compromissos inadiáveis, cem chibatadas serão aplicadas nele, na esposa e nos filhos, se existirem.Essa lei garantirá, num futuro próximo, o livre escoamento de carros em cidades grandes e o melhor: a transformação de “seres-humanos menores” em pessoas de alma elevada que pensam no coletivo antes do individual e que respeitam a dor de estranhos como se fossem a sua.Pequenos incidentesEm muitos casos, envolver-se em pequenos incidentes de trânsito é muito mais danoso do que aqueles em que nosso carro vai parar em pátios de desmanche com perda total. Tudo por conta dos “seres-humanos menores” motorizados que infestam as cidades brasileiras.Como é que gente que não atina lé com cré pode dirigir sem causar danos aos mais esclarecidos? Não pode.Essas criaturas lesam os transeuntes e os demais motoristas e ainda se acham no direito de xingar e tirar satisfações sobre suas próprias limitações. Mas isso só acontece porque há muitos “avestruzes” como você soltos por aí. Pessoas de bem que não gostam de se envolver em discussões estúpidas e que sabem que comprar briga não vale a pena se o outro lado não estiver à altura.Caso algum destes seres inacreditáveis cortar, ralar, colidir de leve com seu carro, não perca tempo. Olhe-o de cima a baixo, faça cara de pena e vá embora. Ah, não se esqueça de anotar a placa no caso do pilantra criar caso mais pra frente e resolver faturar algum às suas custas.Saia-justa com policias de trânsitoComo não sou boba e não quero criar inimizades com a lei, pouco poderei discorrer sobre como humilhar e ofender policias aqui neste espaço. Mas como não sou mulher de baixar o rabo ante à lei, vou narrar um fato que vivi há alguns anos e que ilustra bem como podemos driblar a autoridade e vingar os homens de bem frente à estupidez dos “seres-humanos menores”.Em frente à casa dos pais de meu marido, havia o consultório de um médico notório na cidade. Aliás, tanto o médico como sua esposa eram figuras conhecidas por todos. Acontece que o tal médido já atendia em outro endereço e mal aparecia por lá. Pelo menos em horário comercial, se é que vocês me entendem. Quem lá ficava plantada, dia e noite, era a “secretária”, uma japonesa azeda (também casada, soube depois) que logo conquistou a antipatia da vizinhança que de tonta não tinha nada. E num odioso ato conjunto de moralidade, todo o bairro passou a hostilizar a pobre secretária-amázia. Ninguém a cumprimentava, ninguém a aturava, mas ninguém podia fazer nada de efetivo para externar a indignação geral. E no final das contas, sobrou pra mim (que de moralista não tenho nem as rugas) ser a porta-voz de toda uma comunidade contra a pouca-vergonhice vigente.Numa tarde agitada, não conseguia arranjar vaga para parar meu carro para visitar meus sogros. O único espaço disponível era, justamente, a frente da casa da fofa. Ela me via todo dia e sabia de cor a cor e o modelo do meu possante. Mas acontece que EU dei a brecha para a japonesa dos infernos se vingar de tudo e de todos e, quando ela avistou meu carro na sua fachada, não pensou duas vezes: chamou a polícia e disse que não conseguia entrar em sua própria garagem porque um vândalo parou o carro bem na frente. Quando eu saio para ir embora, eis que vejo dois policiais, um caminhão de guincho e a vagabunda com ar de superioridade, todos cercando meu carro. Logicamente que fui soltando fogo pelas ventas dizendo que ela bem sabia que aquele carro era meu e que eu me encontrava na casa da frente; que ela havia feito de propósito, etc e tal. Claro que eu estava totalmente errada por ter parado o carro aonde não devia, mas isso era irrelevante naquela altura do compeonato. Então um dos guardas começou a me ameaçar dizendo para eu medir minhas palavras e guardar meus comentários porque senão eu iria apreendida junto com o meu carro e dormiria na delegacia por crime de desacato. Aquilo subiu feito pimenta nos meus ouvidos.Ah, não tive dúvida: olhei bem pra japonesa-vaca, depois mirei bem nos olhos do policial cretino e falei bem pausadamente: se o assunto é crime, ela também vai junto comigo dormir na delegacia, porque até onde eu sei, adultério também é crime.Silêncio.Então o policial cretino disse: “Você está acusando uma pessoa de uma coisa muito séria. Se isso for uma leviandade da sua parte, você pode se dar muito mal, garota”.Foi aí que eu pensei: “Estamos fritos mesmo. Dependemos desses idiotas para garantir nossa paz, veja você. É claro que eu estava sendo leviana, sendo a japonesa adúltera ou não. Ninguém, em sã consciência, sai por aí denunciando pra polícia as aventuras sexuais dos outros. Mas eu estava mais enfurecida que uma amamba negra e precisava extravazar. Foi o que fiz e não me arrependo. Final da história: a japonesa gaguejou e tentou despachar os policiais dizendo que um carro estacionado na frente da garagem dela não tinha tanta importância assim; os policias foram embora bufando e me mandando tomar medicamentos; e ninguém nunca mais viu a japonesa naquelas paragens. Até hoje, todas a senhoras pregadoras da moral e do bom costume me adoram e me enchem de mimos. Eu, devo confessar, aproveito ao máximo essas regalias posando de justiceira e paladina dos preceitos de Deus. Amém.Com vizinhos idososUma dica preciosa: antes de se mudar para um apartamento ou casa, certifique-se de que não há vizinhas velhas num raio de alguns quilometros acima, abaixo ou em volta de sua nova morada.Elas são pior que praga: estão por toda parte e são insuportáveis. E o pior é que, uma vez instaladas, elas só saem do aconchego de seus lares num caixão.Implicam com seus amigos, com suas festas, com seus filhos e, pecado imperdoável, com seus sapatos de salto.Para lidar com esse tipo de “ser-humano menor com o pé na cova”, alguns conselhos:- Nunca as deixem entrar em sua casa e nunca entre na casa delas. Parece que esse é um código velado entre as provectas: se vocês passarem a se frequentar, automaticamente, passam a jogar no mesmo time, o das velhas chatas sem função na vida.- Caso a vizinha velha implique com suas festas e vizinhos, banque a educada à moda antiga e a convide para o próximo rega-bofe. Ela vai ter que engolir o seu ato de fineza e não terá espaço para reclamar de algo que ela também foi incluída (isso em sua cabeça gagá).- Se o alvo é seu filho, daí é hora de deixar a “avestruz” de lado e incorporar a “Nelore” que habita sua alma. Diga sem arrependimento que você não pretende repreender os seus porque quer que eles crescam com mais liberdade e carinho que os dela, pra que, num futuro remoto, você não acabar como ela: velha, chata e abandonada. Se, por um acaso, ela argumentar que tem filhos maravilhosos que não a abandonaram, olhe em volta, apalpe os bolsos e diga na maior cara-dura: “Cadê que eu não tô vendo?”. Caso ela ainda insista que sua (a dela) família é maravilhosa e que, além de filhos incríveis, ela também tem uma renca de netos igualmente incríveis e EDUCADOS, daí parta para o contra-ataque cego e diga: “Não me diga: foram adotados?”. A vantagem de tripudiar idosos é que eles não têm corpo nem espírito para vinganças sórdidas posteriores.- Agora, se o mais grave acontecer e a vizinha reclamar dos seus saltos altos martelando em seus tímpanos, a vingança deve vir a galope e a pontapés. Nenhuma mulher deveria implicar com a vaidade de outra mulher. Mas como mulher não é mesmo leal nem confiável, faça com que ela, literalmente, perca a sanidade e lamba o chão em que você pisa. Como? Simples: deixe ela reclamar uma vez. Com toda a calma, diga que não é você a causadora desse desconforto e continue a martelar a paciência da velha com seus saltos-agulha. Deixe ela reclamar duas, três, quatro vezes. Repita a mesma resposta. Na quinta vez, combine com seu marido, namorado ou mesmo uma amiga o seguinte plano: você vai calçar uma pantufinha bem macia, vai descer um andar e tocar a campainha da cretina. Enquanto isso, seu cúmplice vai ficar de quatro com seus sapatos de salto nas mãos e vai caminhar pesadamente como se fosse um pit-bull por toda a extensão da sala. Então, você com cara de inocência dirá: “minha senhora, eu só ando de pantufas em casa e, olha só que coisa, eu estou aqui falando com a senhora enquanto esse barulho infernal continua em algum ponto deste edifício. Lá na minha casa, só está o meu marido que, até onde eu sei, não usa salto. Ou seja: NÃO sou eu quem azucrina a sua vida. Tá compreendido? Passar bem!”. Nesta hora, até vale entrar para um cafezinho como pedido de desculpas da vovó. É infalível!Na repartição públicaNão há ser humano que nunca tenha se aborrecido com servidores públicos. Aliás é normal e até um bom sinal. Isso quer dizer que você não é um deles. Mesmo porque eles fazem de propósito; são preparados, fazem curso de como enlouquecer o cidadão de bem que, por uma desgraça, venha a precisar dos serviços de uma repartição pública.Quando isso acontece, não há muito sobre o que elocubrar. Pelos meus anos de experiência em como lidar com “seres-humanos menores”, posso dizer de cátedra que essa espécie é a mais diminuta entre todos os “seres-humanos menores”. Trocando em miúdos, aqui, mais do que em outro caso, não adianta lançar mão de estratégias subjetivas e/ou sutis. Tem é que afogar de vez o “avestruz” engolidor de sapo e meter o pé na porta.Você, obviamente, chega com toda a delicadeza e finesse que lhe é peculiar. Em retorno, não vai encontrar criaturas grossas ou mal-educadas, e sim uma gente preguiçosa, indolente e, via de regra, incompetente. Incompetente porque nunca teve como exercitar suas funções por total falta de oportunidade. Daí o serviço é lento, as respostas esdrúxulas e desencontradas e você terá a nítida sensação de que estão te fazendo de bobo. Você vai tentar argumentar, formar um raciocínio razoável dentro da sua cabeça, procurar sentido naquilo tudo. Em vão. O interlocutor estará impávido na sua frente com aquela pecha de “Não posso fazer nada.”. Conte até três e então você saberá que é a hora da barbárie.Caso você esteja acompanhada nesta odisséia, vire para sua companhia e diga em bom tom: “Acho que eu vou meter a mão na cara deste (a) imbecil” e volte ao diálogo como se nada fosse. O funcionário público, ou ficará mais paralisado ainda ou se chocará com o que acabou de acontecer e finalmente mexerá suas ancas enferrujadas em busca de uma solução para os seus problemas. É tiro e queda. Se você estiver sozinha, melhor ainda: diga a mesma frase para seu amigo imaginário. O impacto será ainda maior.Na lojaSer ignorada por uma vendedora quando, na verdade, você está disposta a torrar suas economias naquele estabelecimento é, no mínimo, um ultraje.Nestas horas, sempre me lembro das palavras sábias de minha mãe: “Se fosse esperta, não seria vendedora. Seria a dona!”.Aqui vale uma observação: há uma diferença significativa em relação à natureza e à estirpe da loja.Numa loja popular, convém relevar alguns embates, mesmo porque essas lojas sempre contam com compradores de mais e vendedores de menos. Mas caso o descaso tenha passado dos limites, a velha mímica em frente à vendedora resolve tudo: pegue a infeliz pelo braço, olhe bem em seus olhos, coce a barriga e bata na cabeça como um macaco e diga bem pausadamente: “Uga-uga…. Vendedora – fala – minha - língua?”Pode escrever: seja uma geladeira ou uma blusinha de helanca, ela será sua com um desconto considerável.Já numa loja metida a besta, não há nenhum segredo: depois de 15 minutos de total descaso por parte das vendedoras luluzinhas, solte um enfadonho e maldoso: “Ô balconista…por favor, você pode me atender?”.Não garanto desconto no tailleur Chanel, mas que você será lembrada para todo o sempre naquele estabelecimento, isso sem sombra de dúvidas.No telemarketingEste item me dá urtigas só em pensar. Como são incovenientes essas vozes sem corpo que azucrinam nossas vidas, não?Quando o telemarketing é de prospecção, nem me dou ao trabalho de dar trela. É muito fácil farejar quando uma ligação é de empresas ou associações filantrópicas de olho no seu rico dinheirinho. Pra esses eu digo que a Regina acabou de falecer e caio no choro ato contínuo.O pior é quando o cartão de crédito, a tv a cabo ou o celular dão chabu e você precisa colocar em pratos limpos que você está em dia com suas obrigações e que o erro, óbvio, é deles. Aí nem adianta colocar panos quentes. A “Nelore” deve ser incorporada por completo e fazer o serviço de “vaquice” de cabo a rabo.Vale dizer que eu, inclusive, certa vez fui convidada a me retirar da lista de usuários de um cartão de crédito porque, segundo os advogados do referido, causei danos psicológicos irreparáveis à “profissional” de telemarketing, e que ela agora sobrevive a base de tranquilizantes. Nem pude me defender dizendo que tal acusação era infundada porque estava tudo gravado e documentado. Quer dizer: muito cuidado com o que vai falar pra essas vozes sem corpo porque são todos uns fragilizados que não aguentam meia dúzia de verdades jogadas na cara.Bom, mas como de cada revés extraio lições para a vida, esse incidente me mostrou que não devemos atacar “a pessoa” e sim “a organização”.Assim sendo, conseguimos retirar das próprias vozes sem corpo confissões desabonadoras a respeito da instituição. Todos têm reclamações a fazer. Mesmo porque são “profissionais” muito explorados, ganham salários de fome e são obrigados a falar com todo tipo de gente. É um trabalho ingrato e insalubre. Uma vez quebrada a barreira, ter essas vozes como aliadas facilitam muito para que alcancemos nosso intuito de provar que todas essas empresas são capengas e incompetentes para, por que não, eventuais processos de danos psicológicos irreparáveis à minha singela pessoa!Agora, não podemos ser polianas e achar que todo operador de SAC ou telemarketing é flor que se cheire. Tem muita gente grossa nesse ramo que merece ouvir umas poucas e boas! Quando for esse o caso, não seja burra e nem se faça de rogada. Use a ofensa certa, aquela que é como um crime perfeito, aquela que não dá brecha nem pro melhor dos advogados provar que você ofendeu a pobre voz sem corpo. Diga: “minha querida, você não tem culpa de ser o que é. Nem eu. Então baixe a bola, por favor”. Uhhhh!!!! É como um tiro à queima-roupa... e por legítima defesa, o que é bem melhor!Bem, trocando em miúdos: olho vivo e língua afiada quando o assunto é telefone e serviços executados nas coxas.Eu, particularmente, quero que todas essas instituições explodam pelos ares. Bando de mercenários!Na gravidezO que deveria ser um período de plenitude feminina via de regra se transforma num pesadelo de nove meses com direito a prorrogação “ad eternum”.A gravidez em si não costuma ser problema. O problema são os outros: marido, pais, sogros, amigos, enfim, a sociedade como um todo.Você de repente se vê no centro de uma série de cobranças alheias, como se já não bastasse as suas próprias cobranças.Senão vejamos: 1. existe a obrigação de ser uma grávida exemplar daquelas que só comem coisas saudáveis, não engordam além da conta e se mantêm radiante durante todo o processo.2. existe a obrigação do parto natural com todas as implicações dolorosas que isso acarreta. Ai de você se quiser optar por uma cesariana programada e externar esse desejo aos chatos de plantão. Seu filho nascerá pela boca!3. existe a obrigação de não entrar em depressão pós-parto, de não cair no choro e não fazer cara de dor enquanto dá de mamar, coisa que só quem já pariu sabe que é impossível.4. Existe a obrigação de voltar ao peso normal em, no máximo, três meses porque senão você será acusada de desleixada, matrona e trubufu.5. Existe a obrigação de voltar ao trabalho o mais rápido possível e se mostrar melhor profissional que antes, além de ser uma mãe exemplar (aos olhos do filho e do resto do mundo).6. Existe a obrigação de criar magistralmente o rebento pra não ser acusada de ausente pelo filho e pelo resto do mundo.7. Existe a obrigação de expandir seu repertório de assuntos pra não ser acusada de mulher bitolada e espantar amigos e eventuais paqueras.Ufa! Agora, se alguém vier te encher o saco além de todo o perrengue existencial listado acima, a sugestão é virar para o agressor com a cara mais alucinada do mundo e dizer em tom de desvario: “Toda mãe é louca, eu sou mãe, portanto eu sou louca, por isso vou te matar AGORA usando meu filho como munição!” Dito isso, grite e pule no pescoço do ser desprezível que te deixou assim.Depois acione o advogado para quaisquer possíveis processos de retirada da guarda do seu pimpolho.Com gentalha preconceituosa e racistaParece piada, mas a população iletrada do mundo não acha que chamar japonês de “japonês” seja um ato de racismo e preconceito. Por alguma razão que me foge completamente a compreensão, pra essa gentalha japonês é japonês e ponto final. Não há o que discutir.Concordo. Assim como preto é preto, alemão é alemão, judeu é judeu, viado é viado e gordo é gordo.Então nem me avexo: se escuto algo como “Aí japa... vai pagar em cash ou no cheque?” ou então “Depois da japinha, ande 100 metros e vire à esquerda”, eu logo retruco: “O preto pederasta tem troco pra 100?” ou “Além de manco é disléxico? É à direita e não à esquerda, excepcional! ”.Esta tática é infalível, afinal TODO mundo tem alguma característica peculiar e chamativa. (para as exceções existem os termos “mosca-morta”, “cafezinho-frio”, “songamonga” entre outros). Ofensas não faltam, graças a Deus!Ataques-padrão para qualquer eventualidadeDiariamente nos vemos em situações desagradáveis por conta da imbecilidade alheia. Não há como fugir dessa praga. Os idiotas são piores que os ácaros. Nocivos até a alma, temos que eliminá-los antes que eles nos eliminem.Mas existem armas simples e poderosas que são capazes de desestruturar até o mais resistente dos idiotas sem que, pra isso, tenhamos que fundir nossa cuquinha pensando numa resposta boa a cada ataque.-gente burra: é o tipo mais irritante. Você pode perder horas e até dias em vão tentando fazer com que essas criaturas ajam com bom-senso e coerência. Não adianta gastar saliva, temos que atacar na mais superficial das camadas do ego: troque o nome do (a) infeliz.Por exemplo: se a secretária burra se chama Sheila, insista em chamá-la de Shirley. Uma hora ela vai surtar e dizer: “Meu nome é Sheila e não Shirley!!!”. E você dirá: “Que seja! Quem se importa?” Cruel.-gente escrota: é o tipo mais perigoso. Com esses, todo cuidado é pouco, mas existe uma fórmula que é tiro e queda. Todo escroto tem o rabo preso e teme que tanta escrotice respingue em seus entes queridos. Assim, dê uma de paranormal, aja sempre como se soubesse mais do que sabe e, no final, dê um jeito de colocar a mãe do sujeito no meio.Por exemplo: o escroto quer te passar a perna e levar vantagem numa transação financeira. Lute limpo até onde puder e, quando a coisa ficar fedida demais, páre, feche os olhos, concentre-se e faça uma cara de preocupação. Então diga consternado: “A tua mãe tá doente? Não? Que estranho... eu tive uma visão tão clara...você sabe que eu sou clarividente, né? ...agora tudo faz sentido... esse dinheiro tem que ir pra você mesmo... logo, logo você vai precisar muito dele... pra comprar remédios pra tua pobre maezinha, coitada... puxa... tô péssima!”-gente inútil: eles não são nem tão burros e nem tão escrotos, só inúteis até o rabo apitar. Gente que não sabe a que veio, que não diz coisa com coisa e fica parada quando a fila tem que andar. Tudo sem querer. Pra essa gente, só tem uma solução: dar um tapão e tirá-los da frente com se fossem moscas-varejeiras, antes que elas botem ovinhos na sua comida. Tudo sem querer.-gente fofoqueira: se o peixe morre pela boca, tem muita piranha de 1,60m por aí que bem merecia acordar com formigas entre os dentes. Portanto, falou de você, fale de volta. Mas fale algo que seja matador. Algo que deixe a moral da piranha em questão mais afogada que as vítimas do Bateau-Mouche.Por exemplo: a vizinha fofoqueira anda espalhando no condomínio que a tua vida sexual é, digamos, volúvel? Ah, não tenha dúvidas: espalhe que você já deu várias vezes pro marido da fofa, inclusive na frente dela que, apesar de frígida, adora tocar uma siririca vendo o marido rebolar numa bela cinta-caralha. Detalhe: providencie uma cinta-caralha considerável antes de espalhar o boato e diga tudo isso com a dita-cuja em mãos. Já que você criou a fama, aproveite! Aposto que o casal se muda em menos de duas semanas. Pra outra casa ou pro cemitério. Ou talvez, o marido em questão queira se mudar para a tua casa. Daí é contigo!Contornando a gafe e dando a volta por cimaTodo mundo já se viu naquela incômoda situação de falar coisas que não deveriam ser ditas naquela hora e local. Como por exemplo zombar de algum “ser-humano menor” que tenha acabado de fazer alguma bobagem e que, por azar dele, esteja no mesmo recinto que você. Nestes casos, a clássica “Quem foi que fez uma merda dessas?” pode se tornar uma enorme saia-justa caso o cretino não se aguente em si e diga: “Fui eu, por quê?”.A não ser que você tenha jogo de cintura para se livrar da vestimenta incômoda (não que não seja providencial e nem salutar ofender mesmo e fazer com que o imbróglio humano saiba que fez besteira e atrapalhou os mais elevados, mas sabe como é: um pouco de educação, às vezes, é bem-vindo). Assim, pra não perder a fama de implacável e nem baixar a guarda, olhe com desprezo o ser desprezível e diga somente: “Ah, entendi tudo.” E saia às gargalhadas.O outro vai se matar pelas tuas costas.Encontrando algum “ser-humano menor e esquentado” pela frenteComo tudo na vida tem consequências e é de bom-tom arcar com as que nos tangem, é importante saber que língua afiada atrai gente moralista e/ou esquentada.O que mais tem neste mundo é gentalha politicamente-correta e aqueles que não podem ouvir umas verdades que já vão logo apontando um trabuco ou um facão na sua direção. Não sei qual espécime é a pior.Em ambos os casos, saibam que a morte é acessório de série.Quando nos deparamos com os moralistas politicamente-corretos, a morte vem em forma de suicídio. Porque não dá pra escutar sermão desses “seres-humanos menores” sem querer pular da varanda ou cortar os pulsos com caco de vidro.Já com os esquentados, o buraco é mais embaixo. Uma dica: não esmoreça e nem baixe a guarda. Vá até às últimas consequências defendendo o seu ponto de vista, fazendo troça do tamanho do três oitão do sujeito, sendo cínico até o idiota não suportar mais e te meter uma bala nos miolos.Daí é só colher os louros: nada melhor do que morrer com um risinho irônico no canto da boca sob a pecha de estóico, forte, de princípios arraigados, como um verdadeiro herói sabendo que o outro, o fracote, vai apodrecer na cadeia por conta dessa falha de caráter. E do paraíso, você terá a eternidade para filosofar em cima das idiossincrasias do universo:
“Por que alguns são tão estúpidos e outros beiram o genial?” e
“Por que, graças a Deus, faço parte da segunda facção?
Por quê?”
Fim.
Um comentário:
sinceramente... achei tudo a maior estupidez e inconsequencia que ja vi... insano demais... e pegando muito pesado... essa parte de morrer com sorrisinho ironico... foi a maior estupidez que ja vi... dar a vida a troco de nao ficar por baixo... tem certas horas que devemos refletir e ir em busca da razão... usar da sensatez... nao da estupidez
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