domingo, 11 de novembro de 2007

Tática eternamente atual, no país dos distraídos...


Dois acrobatas.

Homem senta num bar ao lado de um velhinho que lhe parece familiar.
O velhinho está um caco mas, mesmo assim, aquele bigodinho, aqueles olhos...
- Desculpe, mas você não é o Adolf Hitler?
- Sou.- Pensei que você tivesse...
- Todo mundo pensou. Continuo vivo.
- Aposto que você vive cheio de remorso pelo que fez.
- Que foi que eu fiz?
- Mas como? E os seis milhões de judeus que mandou matar?
- Ach,eles. Já tinha me esquecido.
- Quer dizer que se fosse começar outra vez, hoje, você faria a mesma coisa?
- Não. Mandava matar seis milhões de judeus e dois acrobatas.
- Por que dois acrobatas?
- Viu como você esqueceu os judeus?

A tática, ajustada às devidas proporções, tem sido muito usada por aqui.

Quando um assunto ameaça a se tornar um escândalo, ou quando um escândalo ameaça se tornar assunto, acrescente, rápido, dois acrobatas.

Os acrobatas passam a ser o assunto.

E os acrobatas não têm falhado muito, ultimamente, neste país de distraídos.

O patriciado brasileiro sobrevive porque dominou a arte de mudar de assunto.

Luís Fernando Veríssimo

Um comentário:

Mr. Matt Murdock disse...

Os deputados e senadores que o digam.....


Abrcssssss.....