quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

"O Doce Veneno do Escorpião"



Estava procurando uns e-books ontem na internet e encontrei esse livro escrito pela Bruna Surfistinha. Já o tinha visto várias vezes nas livrarias, mas nunca me interessei em saber seu conteúdo, até que um dia, assistindo ao programa Altas Horas, lá estava Bruna entre os entrevistados.

Confesso que fiquei impressionada com a maneira como ela se expressou, sempre respondendo às perguntas com muita sinceridade e sem rodeios, de maneira muito clara, sabendo colocar muito bem as palavras. Fiquei realmente surpresa. Talvez um preconceito meu, por achar que garotas de programa não soubessem se expressar tão bem assim e que ela parecia culta demais...

Sei que, de alguma forma, comecei a vê-la (já que estou falando dela, em particular) sob um outro ponto de vista. Ao ver seu livro, pensava: "o que uma garota de programa pode ter de bom e interessante para relatar além de suas aventuras sexuais?". Mas ao vê-la sendo entrevistada, percebi que as coisas não são bem por aí...que além de garota de programa, ela também é uma pessoa, como outra qualquer.

Por essa razão, decidi ler seu livro. Comecei ontem de madrugada e terminei agora, poucos minutos antes de escrever minha coluna. Como eu previa, ela é realmente uma pessoa como outra qualquer...tem seus medos, desejos, objetivos, dramas pessoais e familiares, enfim...gente como a gente.

Descobriu que era adotada ainda criança e isso a perturbou bastante, descobriu que gostava de sexo muito cedo, não gostava de estudar, envolveu-se com drogas e furtos a ponto de seu próprio pai denunciá-la ao juizado de menores, tentando fazer com que ela fosse parar na FEBEM. Como a juíza "aliviou" a situação por conhecer sua família, ela passou a viver presa em casa, sem direito às regalias que tinha antes até que não aguentou mais e fugiu de casa em busca da sua liberdade, tendo enxergado a prostituição como seu único meio sobrevivência.

Não falava mais com os pais desde que tinha sido denunciada, voltando a falar com pai apenas para dizer que sairia de casa. A mãe não lhe dirigia um olhar sequer... Será que eles estavam certos, que essa era a melhor forma de resolver o problema, ignorando-o? Se ela fosse filha biológica deles, será que a reação seria a mesma, ou eles tentariam resgatá-la com amor, carinho e compreensão? Acho que quando um casal se dispõe a adotar uma criança, deve estar ciente de que ela pode trazer alegrias e decepções, assim como também acontece com os filhos biológicos. Mas talvez os laços que os uniam a ela não eram realmente de pais e filhos...

Bem...agora ela não mais se prostitue e, segundo a própria, encontrou o homem da sua vida fazendo programa. Reconhece seus erros, aprendeu com eles e tem uma outra visão sobre tudo que passou e espera construir uma vida "normal", ter uma família, filhos, enfim...

Não consegui julgar suas atitudes e nem posso, quem sou eu para julgar alguém? Talvez se ela tivesse sabido aproveitar a oportunidade de ter uma família que a acolheu, que lhe deu a possibilidade de estudar e tomar um rumo diferente na vida, nada disso precisaria ter acontecido...mas foi esse o caminho escolhido e assim ela conquistou sua tão desejada liberdade.

Monkinha.


2 comentários:

Jonfil disse...

Lendo o seu texto, Monk, várias coisas me chamaram a atenção. A primeira delas, é essa que, assim como muita gente, você vê (ou via) uma garota de programa (que na verdade não passa de uma prostituta ´´sofisticada``) como sendo uma pessoa diferente. Claro, elas são pessoas normais como eu, você ou qualquer outra, que apenas tiveram a coragem de vender vender prazer sexual... produto esse que, como sabemos, tem mercado garantido desde os tempos primórdios até os atuais. Todas chegam à esse mercado das mais variadas formas e pelos mais diversos motivos e embora uma grande maioria chegue até ele por necessidade e desespero, há também quem sémente pela satisfação. Nada como ganhar a vida fazendo o que se gosta, não é mesmo? E a grana sendo boa, vixe!!! E essa vida só deve ser fácil, prá quem gosta mesmo! E quem é que não gosta de sexo? A diferença está no motivo de que, nem todo sexo é maravilhoso... a pessoa acaba se sujeitando a todo tipo de gente e a todo tipo de perigo e, muito embora essas prostitutas do século XXI, possam filtrar seus clientes pelo poder financeiro, uma pessoa bem sucedida financeiramente, nem sempre está associada à limpeza ou um carater impecável, sendo que o risco acaba sendo grande e muitas delas podem acabar para outros mundos piores que a prostituição. Algumas podem dar sorte, mas a maioria com certeza não.

Nem toda prostituta é levada à essa vida por necessidade extrema e hoje, grande parte das garotas de programa, graças aos anticoncepcionais e outras formas de segurança, além do relaxamento das autoridades, que tbm por diversos motivos, inclusive o de conveniencia, fazem vista grossa para essa prática, veem nela uma forma rápida de se fazer muito dinheiro e a usam para pagar seus caros estudos e/ou manter um alto padrão de vida, glamour e luxo. O mercado existe, há quem possa pagar bem. Há até mulheres casadas que fazem programa por dinheiro! Além de fugirem do tédio do casamento, experimentando novas emoções e formas de prazer, ainda faturam uma boa grana!

Mas, voltando ao caso da Bruna, que não li o livro, mas assisti inúmeras entrevistas, sempre vi nela uma pessoa simples e que uma determinada situação a colocou em evidencia, que foi o caso de um de seus clientes vir a se apaixonar e trocar sua bela esposa por ela e tudo isso ainda vir a se tornar público atravez de seu blog, onde ela contava todas as suas transações comerciais. Ninguém está livre de se apaixonar por quem quer que sejam ou qualquer situação. Já vi rico se apaixonar por miserável (e vice versa) extremamente novo por extremamamente velha (e vice-versa), homem por homem, mulher por mulher... e todos nós sabemos que, quando tomados pela paixão, somos capazes de qualquer coisa... qualquer coisa mesmo... e cada um agirá segundo sua personalidade e histórico... e muitos chegam a extremos que o próprio apaixonado não esperava ser capaz. Essa paixão pode durar pouco, como pode durar pela vida inteira. Muitas prostitutas já se apaixonaram por algum cliente e muitos clietes já se apaixonaram por prostitutas... e há muito mais casos daqueles que se casam e que ninguém fica sabendo. Afinal, são todos seres humanos, sujeitos a tudo que é comum à vida de qualquer um de nós.

sidney disse...

caraca depois do comentário do jonfil!!!
sem palavras!